Por Igor Soares
Precariedade no atendimento médico faz parte do cotidiano dos moradores do Morro do Borel (Rio de Janeiro, Brasil)
Foto/Image: Ananda Ribeiro
O Centro Municipal de Sáude Carlos Figueiredo Filho, localizado no morro do Borel, Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), está causando revolta aos moradores. A população reclama da falta de médicos, de medicamentos na farmácia, da falta de respeito por parte do governo e de gestores do posto e de estrutura para atender o complexo do Borel e bairros adjacentes.
De acordo com os moradores da comunidade, enfermeiros costumam fazer o trabalho que deveria ser feito por médicos, como a prescrição de receituários e também os diagnósticos aos pacientes. Segundo o Conselho Regional de Enfermagem do Rio, não é função do enfermeiro diagnosticar pacientes, mas medicar com a prescrição de um médico; o enfermeiro deveria apenas realizar acompanhamentos. No Borel, na ausência do médico, o enfermeiro faz o trabalho na unidade.
Ainda segundo usuários do posto, exames de hemograma têm sumido e, ao serem questionados, funcionários do posto não sabem informar o que acontece com eles. “Esse posto não funciona para nada. Só tem uma médica para atender uma favela de mais de 10 mil pessoas. Nunca tem médico. Quando tem, é um milagre! Isso é um absurdo! Outro dia, meu marido foi fazer um exame de sangue e de fezes e, de repente, os testes sumiram. Ninguém sabia de nada”, contou Maria Cristina da Rocha, de 46 anos, moradora do morro do Borel.
A falta de médicos especialistas também é um problema enfrentado pelos moradores. Para marcar uma consulta é necessário esperar pelo sistema de regulação que, de acordo com as pessoas que utilizam o posto, pode demorar meses. Outro problema é que um aparelho da sala de odontologia da unidade está quebrado, dificultando a assistência odontológica no local.
Na favela, depender de atendimento no posto de saúde é um grande risco. Os moradores precisam recorrer a outros hospitais e postos da região, na esperança de garantir saúde de qualidade, o que é um direito constitucional.
O repórter de GNI Brasil e do Jornal O Morro tentou contato com a Secretaria Municipal de Saúde e com a assessoria do PSF Borel, mas não obteve retorno. A comunidade teme que a negligência continue.