Foto: Ananda Ribeiro

 

Envolvimento político e social, demanda por educação e emprego e a violência contra a juventude marcam as falas do ativista

Por Igor Soares

Em uma perspectiva mundial, mais de 1 bilhão de jovens permanecem sem direitos básicos no mundo como saúde, educação, trabalho e cultura, de acordo com a ONU. A população jovem no Brasil – entre 15 e 29 anos – supera a marca de 50 milhões de pessoas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Para Diego Santos, ex-conselheiro nacional de juventude e jornalista, pensar em juventude no Brasil é algo complexo. Segundo ele, a história e a trajetória que mostram ao jovem os seus direitos ainda é muito recente. “Temos no Brasil, sobretudo, no final da década de 90 e começo dos anos 2000, uma intensificação de estudos e pesquisas que apresentam as demandas dos jovens como sujeitos de direitos, o que não era assegurado na constituição. Um exemplo da mobilização massiva de jovens por direitos foi o movimento dos ‘Caras Pintadas’, também na década de 90. Logo depois, em 2007, houve a 1ª Conferência Nacional de Juventude, a instalação da Secretaria Nacional de Juventude entre 2004 e 2005 e a criação do Conselho Nacional de Juventude”, lembrou.

Mesmo com as conquistas, a briga por espaços na participação ainda é muito grande. Uma das questões que a Secretaria Nacional de Juventude aponta é que os jovens ainda não sabem como participar politicamente. No fim de 2014, o Estatuto da Juventude – uma carta de direitos aos jovens -, foi sancionado. O documento representa o compromisso do Estado em pensar e promover políticas públicas. Nele, contém uma lei estruturada por 11 eixos: Direito, Cultura, Educação, Segurança, Cidadania, Participação, Autonomia Juvenil e outros.

Estudo e trabalho

Entretanto, o desemprego juvenil é outro problema enfrentado. No Rio de Janeiro, 30% dos jovens – cerca de 500 mil – não possuem emprego fixo, não estudam e também não estão à procura de um emprego. “Os dados são reais, mas a gente tem que tomar cuidado com esse discurso. Existe uma cultura de criminalização dos jovens da periferia, da favela, que faz com que esse jovem perca a perspectiva de direitos e oportunidades”, opinou Diego.

Juventude negra

Por outro lado, outro fato é levantado: reivindica-se uma ação efetiva contra o extermínio de pessoas negras. Os homicídios são as principais causas de morte de pessoas entre 15 e 29 anos no país. Entre este público, a maioria é representada por jovens negros, de sexo masculino, moradores de periferias. Diego afirmou que “o genocídio da juventude negra é comprovado no Brasil. Temos um alto índice de homicídios, sobretudo de jovens homens negros. A grande dificuldade é que o Estado não reconhece que extermina a juventude negra e pobre do país. As pessoas preferem negar isso”.

Na contramão desses altos índices de homicídios, um plano de enfrentamento, conhecido como “Juventude Viva”, foi criado pela Secretaria Geral da Presidência da República. O projeto reúne ações de prevenção, com o intuito de reduzir a vulnerabilidade de jovens negros a situações de violência física e simbólica. O plano deve ser colocado em prática a partir da criação de oportunidades de inclusão social e autonomia para os jovens nas faixas etárias mais atingidas (entre 15 e 29 anos), segundo a Secretaria.