Pais que perderam seus filhos ou sofreram descaso do Salvalus querem justiça e lutam para que hospital seja punido
Texto: Ananda Ribeiro/GNI
Imagens: Divulgação
Pais e mães estão revoltados em São Paulo. O motivo é o hospital particular Salvalus, localizado na zona leste da cidade – que, ao que parece, está deixando de “salvar” muitos bebês que são encaminhados até ali, chegando a ser chamado de “Matalus” na internet. Diversos relatos de familiares dessas crianças, principalmente de mães, estão sendo compartilhados em redes sociais e sites de notícias. A principal, entre várias acusações, é a negligência por parte do hospital. Para buscarem justiça pelas perdas que muitos sofreram e pelo atendimento precário prestado pelo Salvalus, diversos manifestantes farão um protesto no sábado, 29 de outubro, às 16h, em frente ao hospital – que fica na Rua Bresser, 1964. A concentração será no metrô Bresser, que fica a poucos metros dali.
Esta será a segunda manifestação. A primeira foi realizada no dia 8 deste mês. Ambas foram idealizadas por Lidiane Vieira, mãe de Benjamin, que faleceu em 9 de setembro com apenas quatro meses de idade, depois de ficar 40 dias internado no Salvalus. Os pais afirmam que houve negligência médica e que Benjamin teve invaginação intestinal, provavelmente decorrente da vacina rotavírus.
Lidiane afirmou que está lutando para que o hospital seja investigado pelo ministério público e quer chamar a atenção das autoridades. “Ali é um lugar de morte, são muitos casos, todos parecidos! O hospital é administrado pela rede Greenline, que é uma empresa familiar. São pessoas sanguinárias, eles estão preocupados com qualquer outra coisa, menos com a saúde! Eu, durante os 40 dias, presenciei mortes de outras crianças, muito descaso, muitas coisas erradas. Eu estava no inferno!”, desabafou.
Óbito causado por bactéria hospitalar
Ryan, com oito meses, também faleceu depois de ser atendido pelo hospital. A mãe, Talita Siqueira, contou que ele foi internado com Bronquiolite. Lá no Salvalus, teve pneumonia agravada e passou por vários procedimentos confusos, chegando a trocar de antibiótico três vezes. Depois de muito sofrimento, o óbito da criança foi causado por uma bactéria adquirida no hospital, a qual o médico não soube identificar.
Final feliz, processo traumático
A história teve um final diferente para a mãe do Miguel, Jessika Kajihara, mas não menos traumático. Miguel está vivo, entretanto, ele e sua mãe passaram por uma experiência extremamente desgastante com o Salvalus, junto ainda com outras famílias. Miguel tinha uma consulta agendada para o dia 23 deste mês e, inicialmente, estava há oito horas em jejum. Jessika o levou até o Salvalus às 6h30 da manhã e ficou aguardando o atendimento. Naquele dia, haviam muitas crianças e pais esperando por cirurgias, parecia um mutirão.
“Graças a Deus, deu tudo certo em relação a cirurgia, mas você realmente vê que o hospital tem uma má administração muito grande, porque nem os funcionários eles conseguem respeitar”, contou Jéssika. “Nós, os pais, começamos a confrontar a coordenadora das enfermeiras sobre o porquê de eles estarem mentindo, e percebemos que a enfermeira que deu a primeira informação para a gente estava muito incomodada, com os olhos cheios de lágrima. Uma mãe a viu chorando. Eles não têm respeito nem pelos próprios funcionários. Na minha visão, o grande problema é a má administração do hospital. É um hospital negligente. Têm uma estrutura incrível, mas não têm a responsabilidade de passar informações corretas para os pacientes e falta preparo para os funcionários”, disse.
Jéssika também relatou que hospital não tem identificação adequada para médicos, enfermeiros ou mesmo acompanhantes dos pacientes, que usam praticamente a mesma vestimenta. Quando ela e o marido saíram do Salvalus com o filho, eles não receberam nenhuma documentação de alta, sob alegação de problemas no sistema, e a segurança do hospital nem sequer pediu uma identificação aos pais para deixá-los sair com o bebê. Jéssika alertou sobre o perigo de ter pessoas de má fé entrando ali e saindo com a criança de outra pessoa.
Em seu perfil no Facebook, Lidiane compartilha muitos casos como o seu, mas há um pedido que se destaca: “Ecoem nosso sofrimento!”. #FechaSalvalus.