Reivindicação de familiares dos Policiais Militar, deixar o Espirito Santo em caos. O estado ficou mais de uma semana sem a presença da PM nas ruas e o números de assassinatos passou de 120.
Texto e imagens: Marlon Max/Tres16
Na pauta das mulheres – que bloquearam as saídas dos quartéis, impedindo que as viaturas saíssem – estão melhorias nas condições de trabalho, reposição salarial e anistia dos PM acusados de motim pelo governador Paulo Hartung. Em clima permanente de protesto e acampadas na frente do Quartel – em Maruípe, Vitória – uma manifestante contou que o marido precisa revesar o colete à prova de balas com um amigo, pois não existem equipamentos para todos. Uma outra conta que se o PM bater ou danificar a viatura durante uma operação, ele deve arcar com os custos do reparo.
O governador, Paulo Hartung (PMDB), não admite a situação precária relatada pelas mulheres e diz que investiu tudo que pode. “Não posso investir mais, seria contra a lei de responsabilidade fiscal”, disse Hartung. O caminho escolhido pelo governador para gerir as contas públicas foi a austeridade. Cortes de gastos e congelamento nos investimentos renderam um cenário financeiro positivo para o peemedebista. No final do ano passado, era comum ver propagandas do governo ou matérias nos jornais com depoimentos do Governador dizendo que havia fechado as contas do Estado no azul. Com a crise carcerária em diversos Estados, o Espirito Santo ganhou destaque, sendo considerado modelo em gestão carcerária. Vitória que era a terceira cidade mais perigosa do Brasil em 2010, passou a ser uma das mais seguras. Esse cenário de aparente êxito e orçamento balanceado pode ter impulsionado a revolta dos policiais, que alegam receber o menor salário base da categoria em todo o País.
Com a ausência da PM nas ruas e com caos generalizado, a população se viu prisioneira de suas própria casas, impedida de sair até mesmo para as atividades do cotidiano, como ir trabalhar, estudar e até mesmo ir à igreja. Foi apenas no terceiro dia de paralisação que o Governo Federal sinalizou ajuda aos Capixabas*. Até esse momento, a Polícia Civil já contabilizava mais de 60 assassinatos, ultrapassando sua capacidade operacional.
Com a presença das tropas do exército nas ruas, e posteriormente, também da Guarda Nacional, o governo ganhou tempo para negociar com os manifestantes. Foram várias reuniões, algumas delas com mais de dez horas de duração, sem êxito algum. Na realidade, tudo que o Governador e o secretariado fizeram foi ficarem na defensiva e irresolutos quanto a pauta de reivindicações das mulheres. “Não vamos negociar nada enquanto o efetivo da PM não estiver nas ruas”, afirmou André Garcia, secretário de segurança do Estado.
No Domingo (11/02), oito dias após o inicio da paralisação, já era possível ver alguns policias nas ruas, alguns deles sem viaturas. O ato das mulheres, que até o dia 12/02 permaneciam na entrada dos Quartéis, não teve êxito.
O povo Capixaba ainda tenta voltar a suas atividades, mas paira um clima de insegurança e incertezas. Nesta segunda-feira, o transporte coletivo deve voltar a rodar na cidade, mas com restrições de horários. As escolas da rede pública, que adiaram o início das aulas em uma semana, também devem ter início.