Por Ananda Ribeiro
Imagens: Erlon Soares Freitas e Anderson Freitas Soares

A última sexta-feira (25) foi devastadora para moradores de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte-MG. Uma enxurrada de lama e rejeitos de mineração invadiu a cidade devido ao rompimento de uma barragem da mineradora Vale, deixando centenas de feridos, pessoas desaparecidas e vítimas fatais. O desastre superou em número de mortos o que aconteceu em Mariana-MG em 2015. A esperança da população deu lugar a muita revolta, dor e tristeza.
Em uma tentativa de aliviar a dor e o desespero das famílias que perderam bens e entes queridos, voluntários de toda parte estão se mobilizando para arrecadar e separar doações e para confortar os que precisam. Uma dessas equipes saiu hoje de BH para mapear as necessidades das famílias atingidas. Erlon Soares Freitas é voluntário da organização Jovens Com Uma Missão (JOCUM) na capital de Minas Gerais e contou que não conseguiram chegar até o local “porque estava impedido pela lama”. Ele e mais oito pessoas de BH e São Paulo se voluntariaram para servir Brumadinho. “Segunda-feira vamos levar água e nosso objetivo é fazer um trabalho de aconselhamento, abraçar pessoas, confortar as que perderam seus entes queridos. Não sei como vai ser com equipes, vamos primeiro ver as necessidades”, disse Erlon.

Anderson Freitas Soares, que também estava nessa equipe de voluntários disse que apenas algumas casas foram afetadas, “o principal foi realmente o dano às pessoas. Encontramos um morador muito revoltado, pedindo ajuda. Ele falava que seu primo e seus amigos estavam todos desaparecidos, soterrados. É difícil enxergar alguma esperança lá, no meio da lama. É uma visão de luto e sofrimento”, afirmou. O voluntário disse que a equipe está em contato com pessoas que já estão fazendo algo no local e que voltarão para dar suporte emocional àqueles que precisam, além de “aproveitar para sondar outras necessidades urgentes”.

Uma dessas pessoas que já estão em Brumadinho enviou um áudio pelo WhatsApp, que chegou até Erlon. A voluntária diz que estão “em um ginásio, uma área esportiva próxima a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Está cheio de familiares buscando notícias de alguém e nós vamos estar aqui ajudando na separação das doações que estão chegando e também ajudando a servir refeições para o pessoal que está trabalhando, os socorristas, pessoal da defesa civil, todos que estão trabalhando nos resgates”.

Essa mesma voluntária está recebendo inúmeras mensagens com questionamentos a respeito da necessidade de doações. Ela afirmou que “as doações estão sendo recebidas sim, em nenhum momento eles estão dizendo que não estão recebendo doações”. Entretanto, é importante que aqueles que desejarem enviar doações se certifiquem sobre a real necessidade, para que não haja desperdícios e para que a ajuda não se torne mais um problema.

Em relação aos voluntários que desejam ir até o local, ela conta que “as pessoas se voluntariam e podem ir embora para esperar serem contatadas para ações específicas. Mas tem trabalho acontecendo, que é de separar os itens que estão chegando e para dar assistência às famílias”. No áudio, a voluntária diz que “há muitos médicos e está precisando de enfermeiros. Alguns familiares estão aqui, tem a imprensa também. Tem posto médico e muitos psicólogos conversando com as pessoas. Então gente, serviço tem para ser feito”.