Projeto de Extensão de uma Universidade no Rio de Janeiro mobiliza alunos a fim de contar histórias para crianças no Hospital do Fundão

Texto: Thamírys Andrade
Fotos: Thamírys Andrade e Divulgação

Assim que chegam ao hospital, eles caminham até as prateleiras, separam os livros, os desenhos e o giz-de- cera, vestem seus jalecos coloridos e partem em direção à uma missão: oferecer um novo “era uma vez” às crianças e adolescentes no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG).

O Programa Alunos Contadores de Histórias é um Projeto de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que surgiu em 2008, com o intuito de levar alegria às crianças no Hospital do Fundão através de contos, desenhos e sorrisos. A cada semestre, inúmeros alunos dos mais diferentes cursos da Universidade se inscrevem. Em seguida, os alunos inscritos passam por um sorteio para saber se ocuparão uma das setenta vagas. A quantidade de inscrições no projeto veio aumentando gradativamente, chegando a quase 1.500 no último período. Mais de 800 alunos já participaram do projeto.

“Quando eu vi a chamada, logo me interessei, porque eu sempre tive a vontade de levar um pouco de alegria e amor paras as crianças. Ainda mais aqui, onde elas se vêm em um local inóspito, num ambiente que não é delas”, conta Tamires Pereira, aluna de Farmácia e contadora de histórias do projeto.

Preparação

Após serem selecionados, os alunos passam por um treinamento que inclui palestras sobre psicologia, literatura infantil e orientações sobre como agir no ambiente hospitalar. Em seguida participam de oficinas e duas semanas de estágio ao lado dos contadores mais antigos no projeto. Ao fim do treinamento, os alunos recebem seus jalecos coloridos e começam a contar histórias e fábulas com os livros que o projeto obtêm através de doações e compras. Os contadores circulam nas mais diversas alas do hospital, desde o ambulatório até as unidades de terapia intensiva.

“Ele está internado aqui há um ano e conhece quase todas as historinhas. Já ouviu e pede para ouvir de novo, sabe de cor”, contou Tânia Maria, mãe de Pedrinho. Lídia Gomes, avó de Rafael, de dois anos, também comentou que “tinha uma aluna que estava contando histórias para uma menina maiorzinha. Ela estava séria e tristinha. Depois foi desabrochando, sorrindo, né?”.

Além dos livros

Buscando inovações, os contadores de histórias foram além das páginas dos contos e começaram a organizar cinco festas anuais com música, brincadeiras, brindes e fantasias. A próxima festa ocorrerá no mês de outubro, no dia das crianças!

O projeto é coordenado pela pediatra Sonia Motta, a fisioterapeuta Regina Fonseca e a enfermeira Verônica Pinheiro, com a ajuda de 17 alunos apoiadores, que não só colaboram na organização de todo o programa como também cumprem o trabalho de madrinhas e padrinhos dos novos alunos, auxiliando-os no que precisarem.

Regina destacou que o projeto não só é importante para as crianças, como também para os próprios alunos. “Antigamente o foco era apenas trazer esse ambiente lúdico e imaginário para a criança que, nesse momento, está passando por tanta dificuldade. Mas quando os alunos começaram a entrar, percebemos que isso passou a ser muito importante para eles também”, disse. “É muito bom poder ver a mudança que ocorre no pensamento dos jovens através desse trabalho. Isso tem nos trazido muitas experiências enriquecedoras e trocas importantes”, completou Sonia.

A aluna Júlia Sena, que estuda Comunicação e apoia o projeto, disse que “É uma experiência que vai além da faculdade. Te acrescenta como ser humano. Eu posso dizer que, desde que entrei no projeto, a minha vida mudou completamente. Hoje sou outra Júlia.”

Se você quer saber mais sobre o programa, acesse o site oficial dos Alunos Contadores de Histórias: http://www.alunoscontadores.com.br/. Você também pode curtir a fanpage do projeto no facebook através do link https://www.facebook.com/alunoscontadores/ e acompanhar o projeto que, através das fábulas, está ajudando a construir uma nova história para cada uma dessas crianças.